'Gangue do boleto' está na mira do governo
Fraude internacional envolve centenas de milhares de boletos falsos e computadores infectados no Brasil
Usuários que costumam fazer transações bancárias pela internet podem se proteger de golpes através do uso de programas de segurança
Foto: Divulgação
Brasília. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou ontem que a Polícia Federal (PF) está tomando as "medidas necessárias" para a investigação da "gangue do boleto" - fraude internacional que envolveu centenas de milhares de boletos falsos e computadores infectados por vírus, em especial no Brasil.
Os maiores bancos brasileiros estão na lista. Cardozo não deu mais detalhes, pois o processo corre em sigilo, e afirmou que, "em momento oportuno", os fatos serão esclarecidos. A chamada "gangue do boleto" monitora à distância computadores. Toda vez que um código de boleto é digitado ou identificado, a quadrilha intercepta o pagamento e o desvia para suas contas.
"A Polícia Federal está tomando todas as medidas necessárias para a investigação dos fatos", disse Cardozo. Questionado sobre a atuação da gangue, o presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Murilo Portugal, não quis comentar.
Como se proteger
Os usuários que costumam fazer transações bancárias pela internet, em seus desktops ou em dispositivos móveis, possuem meios de se proteger do "golpe do boleto". Contra esse tipo de golpe, empresas de cibersegurança oferecem soluções desde o ano passado, quando outro mecanismo que atua da mesma maneira foi descoberto.
A Kaspersky Lab, por exemplo, possui o pacote de proteção, que custa R$ 99 por um ano em sua versão mais barata e dá direito a uma licença de uso (mas promoções atuais liberam uma licença adicional). Ele cobre todas as plataformas, Windows, Mac, Android, e pode ser comprado no site da empresa e nas conhecidas lojas de varejo.
Diretor geral da Kaspersky Lab para o Brasil, Cláudio Martinelli ressalta que apesar de a primeira preocupação dos usuários ainda ser o computador pessoal, é importante atentar que muitos dos malwares atuais focam smartphones e tablets. "A primeira ocorrência do malware de boleto foi detectada no ano passado por nós. Este é um vírus novo com atuação igual", diz.
A McAfee também oferece ferramentas que previnem o golpe, tanto para desktop como para dispositivos móveis. "Esse tipo de malware contamina o navegador e age toda vez que encontra a palavra 'boleto' no computador", explica José Matias, diretor de suporte técnico da empresa para a América Latina.
O executivo informa ainda que esse tipo de ataque cresce no mesmo ritmo em que aumenta o uso de dispositivos móveis. "Uma boa medida, além dos antivírus, é não utilizar redes wi-fi públicas", diz Matias.
Esse tipo de software, uma vez instalada no computador, atua de duas maneiras. Primeiro, consegue identificar e certificar se o site acessado é mesmo o do banco. Depois, tem a capacidade de perceber se algum dado digitado pelo usuários está sendo capturado ou modificado. Com isso, emite um alerta de que algo está errado.
Entenda o golpe
A "gangue do boleto" opera via internet dos EUA e se conecta aos computadores por um vírus. Uma vez infectados, os aparelhos são monitorados à distância. Toda vez que um código de boleto é digitado ou identificado, a quadrilha intercepta o pagamento e o desvia para suas respectivas contas.
Entre fevereiro e maio deste ano, foram identificados quase 496 mil boletos nos servidores da quadrilha nos Estados Unidos, com datas dos últimos dois anos. No total, eles valem US$ 3,75 bilhões (ou cerca de R$ 8,57 bilhões).