A fabricante de antivírus Eset está alertando para uma nova praga digital para Android que é capaz de cadastrar o usuário em serviços de SMS "pagos" – torpedos mais caros em que parte da fatura paga vai para um prestador de serviço. Chamado de "Boxer", o vírus é compatível com nove países da América Latina, entre eles o Brasil, e está sendo distribuída em aplicativos infectados disponíveis no Google Play, segundo a Eset.
Pragas que enviam torpedos para números "premium" são bastante antigas. Elas já existem há mais de dois anos na plataforma Android, e o primeiro código com essa funcionalidade, o RedBrowser, foi descoberto em 2006. De acordo com a Eset, 22 aplicativos presentes no Google Play estão instalando o "Boxer" nos celulares.
O objetivo do vírus é cadastrar o usuário em serviços de SMS, aumentando a conta do celular. Parte da fatura paga por esses serviços é recebida pelo dono do número SMS, que pode faturar com o golpe. Esses números são fáceis de reconhecer, porque normalmente têm poucos dígitos.
Essas pragas nunca funcionaram no Brasil, porque os números não eram reconhecidos pelas operadoras nacionais. A nova praga, chamada Boxer, descobre a localização e a operadora do celular e usa um número SMS específico, compatível com o país e operadora. Outros países para os quais o vírus dispõe de número para enviar torpedos são: Argentina, Chile, Peru, Panamá, Nicarágua, Honduras, Guatemala e México.
"A maioria dos Trojans SMS só é capaz de afetar determinados países porque os serviços de mensagens pagas variam de acordo com a operadora e o país. A informação obtida sobre o Boxer nos permite afirmar que não só representa um Trojan SMS capaz de afetar usuários da América Latina, como também se trata de uma ameaça com um amplo potencial de propagação e um grande espectro de atuação”, explica Raphael Labaca Castro, coordenador de Educação e Pesquisa da Eset América Latina
O G1 consultou TIM, Claro, Vivo e Oi sobre como os serviços funcionam no Brasil. Todas as operadoras confirmaram que os serviços disponíveis são aprovados por elas, e orientaram os clientes a entrar em contato com a central de atendimento no caso de cobranças indevidas. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), órgão do governo que regulamenta o setor, também foi procurada. Até a publicação desta reportagem, a agência não havia se pronunciado.
A Eset informou ao G1 o número de SMS usado pelo vírus no Brasil. Pesquisas na internet mostraram diversos internautas reclamando de cobranças indevidas. O número foi informado às operadoras e à Anatel, mas não houve informação a respeito de qualquer providência que será tomada.
Proteção no Android 4.2
Entre as novidades de segurança mais recente versão do Android, a 4.2, está um aviso específico no caso de algum aplicativo tentar enviar um SMS para um número especial que irá gerar cobranças extras na fatura.